No próximo dia 25 de Abril vai ser inaugurado o Túnel do Marquês. Para quem conhece as dificuldades de acesso diário a Lisboa dos residentes nos concelhos mais ocidentais, esta é uma excelente notícia. Os decisores devem estar orgulhosos pela realização desta Obra, por sinal bem perto da estátua do político português mais prestigiado pela obra realizada.
No entanto, uma análise mais cuidada levanta algumas dúvidas quanto ao benefício do novo acesso. Sendo certo que mais veículos serão atraídos para as já congestionadas vias da cidade, não é garantido que a velocidade média aumente, mesmo para os actuais utilizadores deste percurso – sendo provável que contribua para reduzir a fluidez do trânsito na cidade. Se incluirmos o valor negativo das externalidades resultantes do agravamento da poluição, o impacto deste empreendimento pode mesmo ser desfavorável.
Numa óptica de custo/beneficio, corremos o risco de um investimento elevado n ão vir a gerar benefícios líquidos, em qualquer momento no futuro. É o equivalente a uma decisão privada de investir num projecto que só gera cash-flows negativos. O que deve fazer um decisor, se se confirmar esta perspectiva?
Mais uma vez, a analogia com o investidor provado pode ser útil – se não pode obter cash-flows positivos no futuro, nem encontra comprador interessado, resta-lhe abandonar o projecto.
(…)
José Paulo Esperança
Professor na ISCTE Business School
In Jornal de Negócios, 24.04.2007
No entanto, uma análise mais cuidada levanta algumas dúvidas quanto ao benefício do novo acesso. Sendo certo que mais veículos serão atraídos para as já congestionadas vias da cidade, não é garantido que a velocidade média aumente, mesmo para os actuais utilizadores deste percurso – sendo provável que contribua para reduzir a fluidez do trânsito na cidade. Se incluirmos o valor negativo das externalidades resultantes do agravamento da poluição, o impacto deste empreendimento pode mesmo ser desfavorável.
Numa óptica de custo/beneficio, corremos o risco de um investimento elevado n ão vir a gerar benefícios líquidos, em qualquer momento no futuro. É o equivalente a uma decisão privada de investir num projecto que só gera cash-flows negativos. O que deve fazer um decisor, se se confirmar esta perspectiva?
Mais uma vez, a analogia com o investidor provado pode ser útil – se não pode obter cash-flows positivos no futuro, nem encontra comprador interessado, resta-lhe abandonar o projecto.
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José Paulo Esperança
Professor na ISCTE Business School
In Jornal de Negócios, 24.04.2007
1 comentário:
Ainda o polémico Túnel do Marquês continua a fazer correr muita tinta na imprensa portuguesa.
Realmente lançando um olhar atento ao custo/benefício desta obra vêm-me à mente algumas questões.
Cito: beneficios: poderá eventualmente tornar o trânsito naquela zona mais célere, embora isto ainda não seja dado adquirido.
Contra: mais automóveis privados para o centro de lisboa, agudizando o problema ainda mais o problema da poluição naquelas artérias.
Portanto é de "louvar" a Câmara apostar numa via concêntrica em detrimento do melhoramento nos transportes públicos.
Por fim pesando tudo isto vamos gastar milhões para obter melhorias incertas....obrigado por gastarem o nosso dinheiro desta forma...
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