quarta-feira, 18 de abril de 2007

Amaral Lopes, o político, o vereador, o cómico

Apresso-me a rir de tudo, com medo de ser obrigado a chorar
in O Barbeiro de Sevilha

A entrevista concedida pelo vereador da Cultura e dos Recursos Humanos, Amaral Lopes, ao jornal Público, é um contributo de extraordinária importância para a comédia portuguesa, nomeadamente na sua vertente “Município de Lisboa”, que tem obtido junto da opinião pública um enorme sucesso, e merecido uma opinião positiva junto da crítica.
A maioria PSD que dirige a CML, desde os tempos do saudoso Santana Lopes, que tantas vezes nos fez rir e que justiça seja feita, continua inimitável, encontrou a fórmula mágica para que os lisboetas se abstraíssem da realidade da sua autarquia, dos seus 1200 mil milhões de passivo, e de tantos outros problemas que diariamente chamamos a atenção neste blog, usando a comédia em detrimento do rigor e da seriedade com que se deviam fazer declarações públicas com posições políticas.

Na entrevista realizada por Ana Henriques, Amaral Lopes decide justificar a situação financeira da Câmara através de dois lugares comuns: as culpas são responsabilidade dos mandatos anteriores (inovou ao não responsabilizar exclusivamente João Soares) e o actual executivo tem feito esforços para diminuir o passivo. Até aqui nada de novo.

Quando questionado sobre a Polícia Judiciária estar a investigar o pagamento de horas extraordinárias aos avençados da CML, Amaral Lopes considera tal facto “legalmente impossível” e que é algo que no seu gabinete “não acontece”. O melhor estava para vir: assim como quem não quer dizer mas diz, o vereador afirma saber que “foram detectados alguns casos quando este pelouro dependia da vereadora Marina Ferreira”. Será esta afirmação uma pista de quem pretende ajudar a PJ, ou é apenas uma vingança, subtil mas simultaneamente mordaz, pelo ocorrido na última reunião de Câmara?
Marina Ferreira anunciou que estava em condições de votar favoravelmente o relatório da Gebalis, porque tinha reunido diversas vezes com o Revisor Oficial de Contas, o que implicitamente é uma condenação política a Sérgio Lipari, tendo saído em defesa deste, e de uma forma acérrima, o vereador Amaral Lopes.
Terá o verniz estalado de vez nas hostes da maioria? Ou Amaral Lopes não foi suficientemente esclarecedor ao tentar defender a vereadora Marina Ferreira?
Sobre um dado concreto podemos pronunciar-nos: estalou o verniz ou então é uma grande coincidência na reunião da AML de ontem, quer o presidente Carmona Rodrigues, quer Sérgio Lipari não terem estado presentes, justificando-se com doença. Indisposição devido a alimentos não terá sido, porque no dia da reunião não foi servido catering, mas sejamos justos, esta é uma altura de gripes e alergias.

Se vêm militantes do PSD, também vêm do PS e do PC”. Se os outros fazem nós também podemos fazer. Mesmo que os outros não o façam é sempre uma maneira engraçada de eu justificar a transferência de militantes do PSD que trabalhavam em Oeiras, para o Município de Lisboa, após o desaguisado entre Marques Mendes e Isaltino Morais.

E mais uma farpa a Santana Lopes: “se entraram foi no mandato anterior, não foi neste”. Ora existe aqui alguma coisa que parece não bater certo: por um lado Amaral Lopes afirma convictamente não terem entrado militantes do PSD (conotados à ala de Marques Mendes, e que foram despojados em Oeiras) na CML, quando numa questão anterior afirmava que “tudo o que tem a ver com prestação de serviços não é gerido por mim, mas por outros serviços como a presidência”. Então mas se não gere como é que sabe? Incoerência? Claro que não, é apenas comédia.

Ficámos também a saber que “durante muito tempo a maioria das autarquias do país também serviu de agência de emprego partidário”. Valha-nos o “também”! A que autarquias se refere Amaral Lopes? Aquelas que no seu somatório elegem Fernando Ruas como o seu representante? A combinação de estilos numa mesma película, é de gosto duvidoso. Ou é uma comédia ou suspense. Os dois é que não pode ser.

Que pensa da interferência de Marques Mendes na CML?
Comigo nunca interveio, mas tem todo o direito de intervir (na orientação política das câmaras).

È impressão minha, ou existe uma confusão enorme no discurso da maioria? Então mas Marques Mendes intervém ou não? E tem direito de intervir? Então porque é que quando intervém todos se apressam a dizer que ele não interveio?

Por último, ficámos a saber que Amaral Lopes não sabe muito bem porque é que Fontão de Carvalho e Gabriela Seara foram constituídos arguidos.
A Agenda Cultural (que está envolvida em polémica devido a…falta de pagamento) ocupará assim tanto tempo que impeça o vereador Amaral Lopes de consultar a revista de imprensa, para perceber porque terão sido constituídos arguidos os seus (temporariamente) ex-colegas?

HG

1 comentário:

Anónimo disse...

É incrível como essa gente(PSD)já teve tempo para provar o que vale na gestão da Cidade, e ainda continuam a dizer que a culpa é de quem esteve antes deles...
Já não são apenas tiros nos pés...são tiros pelo corpo todo.