As recentes notícias sobre a possível situação futura de Carmona, isto é ser ou não constituído arguido, pode ditar o futuro político da capital e, também esclarecer a relação de forças na coligação vencedora, a saber, Independentes/PSD.
De facto quando Carmona avança com a intenção de cumprir o seu mandato até ao fim, recordando a sua natureza de independente, por contraponto às referências nas movimentações no PSD que apontam para um ultimatum a Carmona, é evidente o confronto entre as linhas da gestão camarária, ou seja independentes versus PSD (ao nível de Mendes).
Carmona até tem alguma razão formal e jurídica, pode até ensaiar essa solução, designadamente com o regresso a cena de Fontão e Gabriela que, mesmo em caso de renúncia dos vereadores do PSD, naturalmente que os seguintes também terão que ser consultados e nestes haverá mais alguns independentes que até podem garantir os 8 vereadores desta força política.
Sendo uma saída possível, obviamente que a mesma é de difícil justificação, pois Carmona cometeu erros e lentidões que agora se tornam de difícil correcção.
Com efeito deixou-se hipotecar a um sector do PSD, seja no momento de feitura das listas ao Executivo, seja no quadro das principais nomeações, que o foram tornando progressivamente refém de Mendes. Por outro lado quando, ao tempo, tentou traçar um caminho próprio foi sistematicamente dobrado por Mendes, como o próprio Carmona assumiu ao Jornal de Notícias, a propósito da minha nomeação para administrador da SRU da Baixa, deitando-se assim pela janela uma coligação que assegurava a maioria no Executivo, pois é conhecido o que este incidente provocou nas relacções com o CDS/PP.
Mas naturalmente que a situação se agudizou quando Carmona cedeu, mais uma vez a Mendes, a propósito das suspensões de Gabriela e de Fontão, embora com este a resistência já tenha sido superior.
Claro que pode agora opôr-se, embora o já devesse ter feito antes, não só por nessa altura não estar directa e pessoalmente em causa, o que o contrário leva a ficar-se sempre mal na fotografia, como e principalmente teria ganho o necessário lastro e quadro de autonomia, decisivo para assumir uma verdadeira leaderança no quadro gestionário do executivo.
Veremos então se há ou não renascimento das cinzas, sendo certo que Carmona parece nunca ter entendido que Mendes precisou sempre mais dele do que a inversa, pelo que poderia sempre ter assumido outra postura, possivelmente tinha evitado um cerco tão grande e rápido e escusava de alienar uma vitória eleitoral tão significativa.
Aguardemos e veremos se alguém aprendeu algo com todo este episódio, designadamente se o radicalismo, intolerância e condicionamento têm algum sentido útil, em especial quando se centram no campo interno.
Pedro Portugal Gaspar
In Crónicas Alfacinhas, 29.04.20007
De facto quando Carmona avança com a intenção de cumprir o seu mandato até ao fim, recordando a sua natureza de independente, por contraponto às referências nas movimentações no PSD que apontam para um ultimatum a Carmona, é evidente o confronto entre as linhas da gestão camarária, ou seja independentes versus PSD (ao nível de Mendes).
Carmona até tem alguma razão formal e jurídica, pode até ensaiar essa solução, designadamente com o regresso a cena de Fontão e Gabriela que, mesmo em caso de renúncia dos vereadores do PSD, naturalmente que os seguintes também terão que ser consultados e nestes haverá mais alguns independentes que até podem garantir os 8 vereadores desta força política.
Sendo uma saída possível, obviamente que a mesma é de difícil justificação, pois Carmona cometeu erros e lentidões que agora se tornam de difícil correcção.
Com efeito deixou-se hipotecar a um sector do PSD, seja no momento de feitura das listas ao Executivo, seja no quadro das principais nomeações, que o foram tornando progressivamente refém de Mendes. Por outro lado quando, ao tempo, tentou traçar um caminho próprio foi sistematicamente dobrado por Mendes, como o próprio Carmona assumiu ao Jornal de Notícias, a propósito da minha nomeação para administrador da SRU da Baixa, deitando-se assim pela janela uma coligação que assegurava a maioria no Executivo, pois é conhecido o que este incidente provocou nas relacções com o CDS/PP.
Mas naturalmente que a situação se agudizou quando Carmona cedeu, mais uma vez a Mendes, a propósito das suspensões de Gabriela e de Fontão, embora com este a resistência já tenha sido superior.
Claro que pode agora opôr-se, embora o já devesse ter feito antes, não só por nessa altura não estar directa e pessoalmente em causa, o que o contrário leva a ficar-se sempre mal na fotografia, como e principalmente teria ganho o necessário lastro e quadro de autonomia, decisivo para assumir uma verdadeira leaderança no quadro gestionário do executivo.
Veremos então se há ou não renascimento das cinzas, sendo certo que Carmona parece nunca ter entendido que Mendes precisou sempre mais dele do que a inversa, pelo que poderia sempre ter assumido outra postura, possivelmente tinha evitado um cerco tão grande e rápido e escusava de alienar uma vitória eleitoral tão significativa.
Aguardemos e veremos se alguém aprendeu algo com todo este episódio, designadamente se o radicalismo, intolerância e condicionamento têm algum sentido útil, em especial quando se centram no campo interno.
Pedro Portugal Gaspar
In Crónicas Alfacinhas, 29.04.20007
1 comentário:
Com este homem é que a CML começou a cair
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