segunda-feira, 12 de março de 2007

Uma freguesia esquecida à espera do Plano de Chelas

Este foi o título dado ao artigo do Diário de Noticias de ontem, e que foi dedicado à Freguesia do Beato, que tem à frente dos seus destinos, Hugo Xambre Pereira, que com 25 anos de idade, é o mais jovem autarca do Partido Socialista no país.

Situada na zona oriental de Lisboa, a freguesia do Beato Santo António, é sobretudo uma zona de contrastes, com vilas operárias e bairros municipais, de forte cariz popular, por um lado, e a Madre de Deus, bairro de classe média alta, um produto da arquitectura adoptada pelo Estado Novo para os seus bairros sociais, por outro. O Beato, possui muitas das características padrão dos bairros típicos da cidade de Lisboa, participando inclusive nas marchas populares. Hugo Xambre, citado pelo DN afirma que “é uma freguesia onde predomina o bairrismo, onde há comércio tradicional e as pessoas se conhecem”.
O desenvolvimento que acompanhou a zona oriental de Lisboa, com a realização da Expo 98, passou ao lado desta freguesia, que manteve as graves insuficiências ao nível de equipamentos sociais e assinaláveis problemas de exclusão, com uma maioria de população idosa, de parcos recursos, e alguns problemas de toxicodependência.

Face a este cenário, e para que o Beato e seus habitantes, possam auferir de uma maior qualidade de vida, urge requalificar a freguesia, pelo que fazem todo o sentido as declarações de Hugo Xambre ao DN, considerando que o Plano do Vale de Chelas, é um plano estruturante para o Beato, sendo o primeiro plano de 1996, encontrando-se a ser revisto, com apenas 5% do trabalho efectuado. Assim sendo, o presidente da freguesia do Beato considera que “até o plano ser concluído e levado á prática, muitas situações de população vão-se complicando”. No entanto, o autarca refere que “o facto do plano ter sido criado acabou por prejudicar o Beato, porque há sempre o estigma de não se mexer em nada, porque um dia se vai fazer”.
O Plano do Vale de Chelas tem como objectivo a requalificação da envolvente da Estrada de Chelas até Xabregas, prevendo uma nova rede viária, mais instalações desportivas e melhores habitações, no entanto e ainda segundo Hugo Xambre, “o projecto estará para ser concluído em 2007. O problema é que é só a conclusão do plano, quando estará no terreno, ninguém sabe”.

Actualmente a freguesia do Beato, bate-se com um problema que se tem vindo a alastrar pelo concelho de Lisboa, que é o incumprimento da CML no exercício das suas competências, nomeadamente ao nível do espaço publico, higiene e transferência de verbas. Se este facto já é grave o suficiente, prejudicando directamente os habitantes do Beato, imagine-se quando acontece num contexto em que a situação financeira da junta de freguesia é extremamente debilitada, devido à gestão apocalíptica anterior, da responsabilidade do PCP (onde se aplica a máxima faz o que eu digo, não faças o que eu faço) e que de resto, se encontra entregue às instâncias judiciais.

É um facto, que das 53 freguesias da cidade de Lisboa, existe infelizmente, um tratamento diferenciado baseado em critérios, que tentamos perceber, mas que sabemos não terem compreensão.
Assiste-se desta forma, a um fenómeno terceiro mundista, em que os lisboetas que vivem em determinadas freguesias não têm da parte da CML, o mesmo tratamento e atenção que outras, originando aquilo que se tem vindo a designar na gíria popular dos lisboetas, como os “lisboetas de 1ª” e os “lisboetas de 2ª”.
A Freguesia do Beato é neste tema um caso de estudo.


HG

2 comentários:

JCA disse...

Caro amigo,excelente retrato desta freguesia à muito esquecida no tempo o que me entristeçe muito, como sabes, por duas ordens de razão:a primeira porque é desde sempre a minha freguesia e a segunda, como autarca gostaria de ver a minha freguesia incluida em muitos "roteiros" de que agora tanto se fala.Confio no presidente Hugo Xambre, para voltarmos a pôr o BEATO na rota certa, sei que é um trabalho árduo e contra muitos ventos e marés e até más vontades, mas foi para isso que fomos eleitos.
Um abraço.

Anónimo disse...

É de facto um dos últimos redutos incompreensíveis de Lisboa; eu diria mesmo que a Expo 98 lhe passou ao lado. Se toda aquela zona junto ao rio Tejo foi melhorada e 'renovada', porque é que terão deixado estas manchas de 'debilidade social' e conjuntural urbana? É realmente um enigma. Qualquer das formas não adianta olhar para o passado porque nesse intervalo temporal não vamos alterar absoluctamente nada, importa agora olhar para o futuro e perceber o que é que podemos fazer para alterar e melhorar esta incómoda realidade que nos toca a todos de perto.
Muito obrigada por pegarem neste tema que a mim, particularmente, me diz muito.