sexta-feira, 23 de março de 2007

Dívidas da câmara também afectam apoio a crianças com sida e toxicodependentes

As dívidas da Câmara de Lisboa também afectam o apoio a crianças e adultos com sida e toxicodependentes, além de outros grupos igualmente carenciados de auxílio, como os sem-abrigo e os deficientes.
Os subsídios que a autarquia deixou de pagar às várias instituições particulares de solidariedade social (IPSS) que se dedicam a estas missões totalizam já perto de um milhão de euros – pelo menos.
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Em vários destes casos nem sequer foram as associações a ir bater à porta da CML, mas a autarquia desafiá-las a embarcar em determinados projectos, mediante contrapartidas financeiras. Foi o que aconteceu quando o projecto Roda na Quinta das Laranjeiras, destinado a facultar actividades de tempos livres a crianças carenciadas, passou das mãos da Junta de Freguesia dos Olivais para as da associação Vida Abundante. No ano de 2005, a autarquia só pagou as despesas em Outubro. Este ano, a instituição continua sem ver a cor aos 40 mil euros gastos em 2006. Jorge Pinto, responsável da Vida Abundante, explica que a organização foi pagando as dívidas que contraiu junto de terceiros para levar a cabo o projecto como pôde, mas que ainda está em dívida para com alguns monitores. “Não queremos mais protocolos com a câmara enquanto não nos for pago o montante de 2006”, avisa.
Nós não pedimos nada. Foi o vereador que teve essa ideia e nos chamou”, relata Teresa D’Almeida, da associação Sol, que presta assistência a crianças com sida. E se bem pensou melhor o fez: em Dezembro passado Sérgio Lipari organizou uma cerimónia no Teatro S. Luiz para assinar protocolos com esta e outras instituições ligadas a esta área de intervenção, mediante os quais se comprometeu a financiar a sua missão. À Sol caberiam 25 mil euros, que a instituição planeou usar em despesas correntes. “Até hoje não recebemos nada”, confirma a responsável. A Fundação Comunidade Contra a Sida, igualmente agraciada na cerimónia, também nada recebeu. A autarquia admite que ainda deve dinheiro à Assistência Médica Internacional, embora a instituição o negue.


Ana Henriques
In
Público, 22.03.2007

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