terça-feira, 13 de março de 2007

Piscinas dos Olivais estão fechadas há seis meses e sem perspectivas de reabertura

Está há seis meses encerrado e sem perspectivas de abertura o velho complexo de piscinas dos Olivais. O Presidente da República, Cavaco Silva, visita hoje um moderno equipamento desportivo do mesmo género situado também nos Olivais, a piscina do Oriente, para distinguir o seu desempenho energético, no âmbito de um roteiro virado para as tecnologias limpas e de ponta. Antigo, emblemático para a natação portuguesa e caído no esquecimento, o velho complexo espera obras que ainda nem estão ao certo definidas.
O presidente da Junta de Freguesia dos Olivais, Rosa do Egipto – que nem sequer foi convidado para a visita de Estado -, lamenta a situação, e diz que as duas piscinas que a Câmara de Lisboa entretanto abriu na sua zona não chegam para substituir o complexo, onde, além de se nadar, se podia jogar ténis e praticar várias modalidades no pavilhão polidesportivo. A decadência a que tinham chegado os equipamentos impunha que os utilizadores do recinto se conformassem com a falta de conforto. Mas os mais de seis meses que passaram desde o encerramento podiam ter sido aproveitados pelos frequentadores, uma vez que nenhumas das obras começaram.
A porta-voz do vereador do Desporto, Pedro Feist, diz que se tratou de uma opção de gestão, um eufemismo para falar da falta de professores de natação, nadadores-salvadores e funcionários que permitissem manter abertas as novas piscinas e o complexo desportivo dos Olivais.
(…)
O vereador do Desporto tenciona transformar a face do complexo dos Olivais, apesar dos protestos de vários arquitectos – presidente da respectiva ordem incluída –, que se opõem àquilo que consideram um apagamento da memória. (…)


In Público, 13.03.2007

Depois do destaque que demos ontem à Freguesia do Beato, que vai sendo asfixiada lentamente pelo abandono a que tem sido votada por parte da CML, deparamo-nos hoje com esta noticia do Público, que é apenas mais um capítulo daquele que irá ser recordado no futuro como o período mais negro da história da Câmara Municipal de Lisboa.

Aos mais distraídos, poderá parecer que o facto da freguesia dos Olivais possuir duas piscinas, é suficiente e preenche as necessidades dos habitantes desta freguesia. No entanto esta ideia é uma falácia: segundo os Censos de 2001, os 11 Km2 da freguesia são habitados, por cerca de 47 mil habitantes. Ora se a estes acrescentarmos todos aqueles que vieram habitar a zona da Expo, facilmente concluiremos que não só este número se encontra desactualizado, como é evidente que o rácio habitante / piscina, é manifestamente insuficiente. Aliás a falta de vagas nas piscinas dos Olivais são per si reveladoras deste facto. Recorde-se que o encerramento desta piscina (em conjunto com as do Campo Grande e Areeiro), foi amplamente criticada pela oposição municipal, de onde salientamos a posição do PS, que defendia que o início de "diligências que permitam aferir do eventual interesse em integrar as piscinas municipais do Campo Grande e dos Olivais na Carta Municipal do Património", já que o equipamento do Campo Grande foi desenhado pelo arquitecto Francisco Keil do Amaral.

Infelizmente, para os habitantes da freguesia de Santa Maria dos Olivais, este não é o único exemplo da falta de estratégia para a CML para esta freguesia. E falar em estratégia é lisonjeiro.

Na última sessão pública de Câmara, a vereadora e putativa timoneira do barco sem rumo em se tornou a CML, Marina Ferreira, fez referência à freguesia dos Olivais, como um lugar de onde guarda boas recordações, e onde passou algum tempo da sua vida. No que às boas recordações diz respeito, não são certamente as duas vezes que foi derrotada em eleições autárquicas, pela mesma população que hoje vê a sua freguesia a ser invadida pela circulação de veículos pesados, estacionados em cima de passeios, e causadores de poluição sonora e atmosférica. A Assembleia de Freguesia dos Olivais votou por unanimidade uma proposta solicitando uma solução para este problema, que é da competência da Sr.ª vereadora, mas até à data, o problema mantém-se.

A quem defina (e bem) a freguesia de Santa Maria dos Olivais como o jardim de Lisboa, justificado pelo facto de o número de espaços verdes ser singularmente elevado numa cidade invadida pelo betão. Percorrendo os Olivais, através das suas ruas arborizadas, parques e centenas de pequenos jardins podemos identificar a quase totalidade de espécies identificadas em Lisboa.
Infelizmente, estes espaços verdes, ou pelo menos aqueles cuja sua manutenção é da responsabilidade da CML, e que não são tratados por iniciativa própria dos habitantes, encontram-se em estado de semi-abandono.
Inadmissível, não obstante as agradáveis mas também efémeras promessas do vereador António Proa…


HG

1 comentário:

Anónimo disse...

Realmente todo o anfiteatro oriental de Lisboa tem sido magnanimemente ignorado. Porquê magnanimemente? Porque é de uma grandiosidade imensa o nível de abandono a que esta enorme e bela área foi, por manchas, vetado. Por manchas porque há parcelas da cidade abandonadas e outras a rumar 'para o futuro', como o Parque das Nações. O encerramento destas piscinas é um motivo de tristeza para todos, não só pela necessidade das mesmas mas também porque são típicas dos anos 60 e, se por toda a Europa se faz um esforço monumental para salvaguardar e preservar as memórias arquitectónicas, por cá faz-se justamente o oposto. Quando me desloco pelo Norte da Europa, verifico que cada edificio antigo é estimado e 'amado', quando chego à minha 'tão amada' e linda Lisboa, constato, com tristeza, que nada disto é feito. Não compreendo como é que não há um sentimento de perda no cerne de tudo isto.
Também não compreendo onde está a tal de estratégia que o Eng. Carmona tanto apregoa, mas isso agora devo ser só eu E OS restantes ALFACINHAS TODOS! Era de bom tom Carmona vir explicar o que pensa fazer com este complexo inadmissívelmente fechado e menosprezado, todos merecemos e temos direito a uma muitíssimo boa explicação.