quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

A Lisboa que não vem nos roteiros turísticos...

Há centenas de habitações, em Lisboa, sem casas de banho. O número exacto está ainda por determinar, pois os dados mais recentes sobre esta matéria foram recolhidos há seis anos, através dos Censos 2001. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística existiam, em 2001, 5827 “alojamentos sem retrete” e 20976 com uma sanita instalada fora do edifício.
Actualmente, e só nas freguesias de Campolide, Beato e Socorro, mais de mil fogos não têm instalações sanitárias. Trata-se de uma carência que se verifica sobretudo nos bairros históricos e noutras zonas antigas da capital. Pátios e vilas operárias são os blocos habitacionais onde banheira ou retrete constituem luxos que ainda não entraram na rotina dos moradores. Em Campolide, por exemplo, existem cerca de 150 pátios e, na esmagadora maioria doas casos, não há instalações sanitárias.
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No Beato vivem outras 400 famílias que também nunca tiveram instalações sanitárias. Uma boa parte destes moradores habita igualmente os bairros operários, mas de acordo com Hugo Filipe, presidente da junta, há outras zonas da freguesia, como a Calçada da Picheleira, onde em nenhum dos edifícios foi construído um quarto de banho.
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Há outras freguesias em que nem é possível estimar quantos casos destes existem actualmente. Marcelino Figueiredo, da Junta do Socorro, está convencido que só uma pequena percentagem dos residentes na Mouraria tem instalações sanitárias: “Todo o interior do bairro não tem casas de banho”, conta, esclarecendo que, em muitos casos, os moradores instalaram retretes na cozinha ou pias nos vãos de escada.
Foi também esta a solução encontrada na freguesia da Graça. Há ruas inteiras em que os inquilinos improvisaram retretes e lavatórios nas traseiras dos edifícios.
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Há mais freguesias em que também não é possível ter uma ideia sobre quantas casas não possuem instalações sanitárias. “Faltam indicadores dessa natureza e é um trabalho muito grande, que não temos meios para fazer”, diz Graça Ferreira, presidente da Junta da Charneca, admitindo haver “inúmeras” famílias nessas condições.
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In Diário de Noticias, 20.02.2007

1 comentário:

JCA disse...

Caro amigo,como sabes conheço muito bem esta realidade e reconheço que o envelhecimento destes bairros operários é bem evidente pelo desinvestimento tanto dos senhorios devido sobretudo à lei das rendas que só agora foi actualiazada e em principal pela falta total de fiscalização das autoridades competentes nesta matéria que é o caso manisfesto do nosso municipio como lhe competia.Para superir esta triste realidade não compativel com a nossa civilização só vejo uma solução:ajudas do poder central e local para obras condignas nessas habitações.
Um abraço.