terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Crise política na Câmara prejudicial para economia - Rui Paulo Figueiredo

O vereador socialista na câmara de Lisboa Rui Paulo Figueiredo considera que a actual crise política na autarquia está a ser "altamente prejudicial" para a economia do país, e aponta como solução eleições intercalares.

O mais recente vereador da autarquia entende que a maior câmara do país não pode estar paralisada, impedindo investimentos na cidade que poderiam gerar crescimento económico.
"A Câmara de Lisboa, que devia ser um factor que puxa pelo crescimento económico, está paralisada há um mês e o investimento na cidade sofre com isso", disse em entrevista à agência Lusa Rui Paulo Figueiredo, que substituiu há cerca de um mês e meio Manuel Maria Carrilho como vereador do PS na autarquia.
O vereador sustentou que o endividamento de "mais de mil milhões de euros da câmara é gigantesco" e defendeu um "programa de emergência" para diminuir as despesas correntes e fazer face ao crescente endividamento.
"O prazo de pagamento aos fornecedores do município está completamente dilatado em termos de prazo e tudo isso é muito prejudicial para os agentes económicos e para a cidade", acrescentou.

Para Rui Paulo Figueiredo, a solução para superar a crise na autarquia lisboeta é a realização de eleições intercalares.
"Não é uma solução óptima, mas pode eventualmente ser uma solução", disse o autarca, defendendo que a decisão devia ser tomada pelo líder do PSD, Marques Mendes, o presidente da câmara, Carmona Rodrigues, e pela líder distrital do PSD e presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Paula Teixeira da Cruz.
"Eu acho que o PSD, nomeadamente os seus três responsáveis - Marques Mendes, Paula Teixeira da Cruz e Carmona Rodrigues - deviam tomar a iniciativa de pensar nos lisboetas, na cidade, no país e na necessidade que nós temos de crescer economicamente e proporcionar as eleições", sublinhou.
Mas, para Rui Paulo Figueiredo, não basta haver eleições intercalares, "é preciso mudar de gestão da câmara em três ou quatro áreas fundamentais", nomeadamente um programa sustentado para resolver o endividamento crescente da autarquia, a reestruturação do sector empresarial municipal, o espaço público e a revisão do Plano Director Municipal.
Outros dos aspectos têm a ver com a sindicância iniciada segunda-feira ao urbanismo na câmara, uma medida que o autarca considera "positiva".
"Com o clima de suspeição que se criou, quem quer que ganhe a câmara ou quem se mantiver, terá que fazer tudo para esclarecer o que houver por esclarecer no Vale Santo António, EPUL, Bragaparques, Marvila, Estefânia", sublinhou.
Além disso, acrescentou, a autarquia "está completamente paralisada, não tem rumo e não tem projecto".

Rui Paulo Figueiredo aproveita a situação actual que se vive na câmara para criticar o estado em que também se encontra o PSD.
"A câmara de Lisboa é o actual espelho do PSD. Um palco de luta de facções, de grande instabilidade e de uma grande falta de liderança", referiu.
As críticas do vereador visam o presidente da autarquia, a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa e o líder social-democrata.
"O líder do PSD tem oscilado entre fazer-se de morto e a total irresponsabilidade política", afirmou, sublinhando que Marques Mendes "interferiu decisivamente no início de todos estes problemas", com a indicação de nomes para empresas municipais de Lisboa.
Apesar de considerar Carmona Rodrigues "uma boa pessoa e um bom técnico nas matérias ambientais", o vereador afirmou que, nesta crise, o autarca demonstrou não ter "capacidades para liderar politicamente a Câmara Municipal de Lisboa".
Sobre Paula Teixeira da Cruz, o vereador comentou que tem sido "um factor de instabilidade" ao longo deste mandato, protagonizando "conflitos" com a vereadora do CDS-PP, Maria José Nogueira Pinto, e com a vereadora do PSD Gabriela Seara, que pediu suspensão do mandato por ter sido constituída arguida no caso Bragaparques.
"Em vez de acalmar a situação, Paula Teixeira da Cruz tem favorecido a luta de facções entre o PSD", afirmou, dando como exemplo um relatório elaborado por uma comissão criada pelo vereador da Habitação Social, Sérgio Lipari Pinto, que revela má gestão e descontrolo dos custos de empreitadas, que opõe a vereação anterior com a actual.
Toda esta situação leva Rui Paulo Figueiredo a afirmar que, mesmo que termine ou continue, o actual mandato "está ferido de morte em termos de projecto e obra para a cidade".
No caso de não se realizarem eleições intercalares, Rui Paulo Figueiredo defende que a oposição deverá ter "especiais responsabilidades" no sentido de começar a apresentar propostas concretas em vez de só desempenhar o papel de crítico.
Questionado pela Lusa de, no caso de haver eleições, o PS admite coligar-se com outra força política, Rui Paulo Figueiredo disse que o Partido Socialista só tratará deste assunto nos órgãos próprios.
No entanto, sublinhou que "a situação da cidade exige uma maioria estável e alargada para tomar medidas de emergência".

In Lusa, 27.02.2007

2 comentários:

JCA disse...

Caro amigo,muito para além das lutas intestinas que possam estar a decorrer no PSD que já de si afecta a cidade e por arrastamento o país, a inresponsabilidade politica é tanta que vai obrigar o futuro executivo que sair das mais que certas eleições a compremeter o desenvolvimento de politicas, pois vai-se assistir obrigatóriamente a uma governação à vista tendo em conta o descontrole financeiro que sufoca a CML.
Um abraço

Unknown disse...

E lá vai o Isaltino, cantando e rindo, enquanto Lx se afunda...

Porém, convém não esquecer que a CML é um grande barco e certamente muita gente também vai ao fundo, com roupa e tudo!!!