sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Os prejudicados

Escrever umas breves linhas sobre a actualidade de Lisboa não é difícil.
Difícil é escrever alguma coisa de positivo, como se pode comprovar consultando um qualquer órgão de comunicação nos dias que correm. Neste momento até o social-democrata mais obstinado tem algumas dificuldades em argumentar favoravelmente em relação à gestão da maioria PSD na Câmara Municipal de Lisboa.

A verdade é que o presente da situação da CML, está a assumir proporções tão graves que é impensável pensar que o futuro passará imune às consequências.
Importa em primeiro lugar reflectir sobre quem serão os mais prejudicados, com esta governação de vão de escada da maioria PSD, e estes são sem qualquer espécie de dúvida, os lisboetas e os funcionários da CML.

Os lisboetas porque deram um voto de confiança no projecto encabeçado por Carmona Rodrigues, e foram completamente ludibriados, vivendo hoje numa cidade, sem liderança e à deriva, com graves insuficiências nos mais variados aspectos da vida quotidiana, mas sobretudo quando olham para o futuro e sabendo o que tem sido a gestão da cidade de Lisboa, não podem augurar nada de bom.
Para que também o autor deste texto, não caia nos chavões ou acusações sem fundamento, vamos então exemplificar o estado a que Lisboa chegou, recorrendo a alguns exemplos que não requerem muitos exercícios de memória…

O trânsito caótico está cada vez mais caótico. Pela primeira vez em muitos anos voltámos a ter buracos nas ruas, impensáveis em vias como a Avenida da Liberdade ou Almirante Reis, o estacionamento, não obstante as novas competências (fomentadas também pela falta de liquidez nas finanças camarárias) continua selvagem;
O túnel do Marquês ainda não abriu, mas tem data de inauguração prevista, como já teve várias vezes (dejá vu);
A situação do Parque Mayer continua igual;
A reabilitação urbana além de paralisada já nem sequer é disfarçada com os célebres outdoors gigantescos, de evidente mau gosto e despesismo da era Santana Lopes;
A manutenção de habitações camarárias caiu no esquecimento;
A limpeza urbana é efectuada com menos frequência e menos eficácia;
A iluminação da rua tem graves insuficiências ao nível da manutenção e reparação;
Os espaços verdes encontram-se desleixados e em alguns casos parecem simplesmente abandonados;
A aposta no comércio tradicional não passou de uma promessa eleitoral;
A prioridade que ia ser dada à educação, não passou de uma intenção e as poucas medidas tomadas, roçam o ridículo, como por exemplo, a desesperante medida do seguro de vida para todas as crianças nascidas no concelho de Lisboa. Também a aposta em novas creches se perdeu no tempo, tal como o aumento dos parques infantis (se ao menos assegurassem a manutenção dos existentes…). E nem vale a pena aprofundar muito a situação do parque escolar básico, que é da exclusiva responsabilidade da CML;
As medidas que foram tomadas com o objectivo de introduzir melhorias na inclusão social e em fomentar a harmonia numa cidade de diversas culturas e etnias falharam redondamente;
A situação financeira da CML agravou-se preocupantemente, e nada tem sido feito, ou sequer proposto para que esta situação se inverta.
As juntas de freguesia desesperam com as verbas dos protocolos que não são transferidas, ou com as competências da CML que não cumpridas.
E mais grave, a Câmara Municipal de Lisboa, é infelizmente noticia, não só por tudo o que enunciei acima, que revela muita incompetência e falta de responsabilidade de quem a gere, mas sobretudo por situações relacionadas com ilegalidades e irregularidades que são por demais conhecidas.
Fiquemo-nos por aqui em relação a exemplos.

Tal como disse, paralelamente com os lisboetas, os mais prejudicados com esta gestão camarária são sem dúvida, os funcionários da CML, veja-se o caso do Departamento de Desporto / LxDesporto, EM.

Que motivação têm neste contexto os funcionários da CML para desempenharem as suas funções?
Que eficácia ou assertividade se espera de um funcionário que observa a agonia da sua instituição?
Que perspectiva do futuro tem um trabalhador da CML, quando no dia a dia é confrontado com noticias e factos que revelam o abismo para onde se caminha?
Que qualidade se espera de um trabalho das bases quando as cúpulas têm um défice qualitativo, técnico e sobretudo humano?
Penso ser altura do actual executivo, adquirir consciência, com muito pragmatismo e abdicando dos objectivos políticos individuais, de que a sua gestão ineficiente e completamente desadequada à história e passado da instituição Câmara Municipal de Lisboa, está a hipotecar o futuro de aproximadamente 10 mil pessoas, que diariamente fazem com que esta câmara funcione.

Lisboetas e funcionários da CML, estes são os maiores prejudicados pela governação da maioria PSD.
E sem dúvida, que urge inverter toda o contexto que os prejudica, o mais rapidamente possível, para que se evite atingir o ponto de não retorno.
E isso só é possível através da realização de eleições intercalares. Já!


HG

1 comentário:

Anónimo disse...

Se analisarmos mais cuidadosamente o dia a dia da CML,encontramos de certeza mais provas de desgoverno total.

Torna-se claro, que neste cenário autarquico cada vez mais caótico, somente através de eleições intercalares chegaremos a uma solução viabilizadora para a cidade, antes que seja tarde...