terça-feira, 8 de maio de 2007

Carmona tenta nomear gestores antes de sair

A 24 horas da oposição e do PSD deixarem cair Carmona, o presidente da Câmara decide nomeações para a EPUL e o MARL.

A menos de 24 horas de os partidos da oposição e do PSD formalizarem a renúncia dos seus vereadores, o executivo da Câmara de Lisboa decidiu avançar com várias nomeações.

Na reunião camarária de amanhã é discutida a nomeação de dois administradores para a EPUL (Empresa Pública de Urbanismo de Lisboa) - cujo mandato tem a duração de quatro anos -, um para o Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL) - também com a duração de quatro anos - e de vários membros para a administração e conselho geral da empresa municipal de desporto (“LX Desporto, EMM”).

As decisões de última hora surgiram antes da oposição ter concertado a renúncia colectiva aos mandatos, caso os vereadores do PSD não formalizem a demissão até quinta-feira, uma posição definida ontem. Entre as propostas a aprovar consta ainda o loteamento solicitado pelo Sporting. Em causa estão os terrenos do antigo estádio José Alvalade, onde o Sporting pretende construir uma urbanização e encaixar 27,5 milhões de euros.

A polémica das nomeações dos administradores das empresas municipais coloca-se apenas no plano político e não no plano jurídico. Isto porque, na prática, só depois da renúncia dos vereadores é que Carmona terá funções e capacidades reduzidas.

Ao Diário Económico, a ainda vice-presidente da autarquia, Marina Ferreira, justifica a ordem de trabalhos com a “gravidade dos assuntos”. “A EPUL e o MARL precisam de funcionar nos próximos dois meses em que a câmara vai estar sem executivo. É determinante pagar ordenados e continuar com outras actividades de gestão corrente”.

A oposição contesta a agenda demasiado longa. “Uma situação excessiva dada a crise”, refere Sá Fernandes, vereador do Bloco de Esquerda, enquanto Rúben de Carvalho vai mais longe: “É um disparate pegado aprovar estas nomeações como se não estivesse a acontecer nada”.

O gabinete de Marina Ferreira clarifica que “os nomes vão à reunião apenas para serem ratificados e para tranquilizar as empresas municipais, já que foram nomeados por despacho.” Mas, também para este argumento o PS tem resposta: “Toda a oposição aprovou a anulação do despacho do presidente, depois de Carmona Rodrigues nomear os dois administradores da EPUL”, revela Nuno Gaioso Ribeiro. Também o vereador do CDS, Anacoreta Correia, admite “a recondução de pessoas que já estão em funções”, mas tem “dúvidas” quanto a novas nomeações” numa fase de enorme fragilidade política.

Ferreira Leite não esclarece candidatura em Lisboa
Admite ser candidata à Câmara de Lisboa? “Não estou no confessionário, apesar de estar na Rádio Renascença”. Enigmática, Ferreira Leite não esclareceu ontem se mantém a porta aberta a uma candidatura à maior autarquia do país. “Estamos numa fase de lançar todos os nomes desde que as pessoas não sejam arguidas”disse, com ironia, referindo-se ao critério aplicado por Marques Mendes que recusa a permanência em funções de autarcas constituídos arguidos. A antiga ministra das Finanças continua a ser apontada como uma das possíveis candidatas do PSD nas intercalares, mas opta pelo silêncio. Também aos microfones da Renascença, o socialista Vera Jardim, garantiu que “João Soares pode voltar a ser um bom presidente” embora o “PS tenha muito bons candidatos ".

Marcia Galrão
In
Diário Económico, 08.05.2007

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